
23/07/2025
Durante o IX Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Fibrose Cística, realizado em maio de 2025, em Salvador, foi apresentado o estudo “Disparidades regionais: desafio ao cuidado integral na fibrose cística”, elaborado pelas assistentes sociais Juliana Silva e Priscilla de Araújo (Mato Grosso do Sul), Katty Anne Marins (Rio de Janeiro), Marcelle Nabas (São Paulo) e Priscila Ferreira (Rio Grande do Sul).
O estudo analisa como as necessidades sociais e os determinantes sociais da saúde influenciam diretamente o cuidado e o tratamento de pessoas com fibrose cística, com impacto relevante na integralidade e equidade da atenção à saúde. As autoras identificaram importantes disparidades regionais no acesso a exames, medicamentos, acompanhamento especializado e na composição das equipes multiprofissionais — muitas vezes incompletas e com pouco reconhecimento do papel técnico e estratégico do Serviço Social.
Também foram apontadas fragilidades na transição do cuidado pediátrico para o adulto e na continuidade da assistência em diversas regiões do país, com destaque para os desafios enfrentados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Essas desigualdades estruturais e assistenciais comprometem o direito à saúde e representam um obstáculo à consolidação de uma linha de cuidado integral, longitudinal e centrada no usuário.
GBEFC reforça a importância do Serviço Social na fibrose cística
O Serviço Social exerce uma função estratégica nas equipes multidisciplinares dos centros de tratamento de fibrose cística. Sua atuação é fundamental para garantir que pacientes e familiares tenham acesso a direitos e consigam superar barreiras socioeconômicas que interferem diretamente no cuidado e na adesão ao tratamento.
Mais do que mediar benefícios, a atuação da/o assistente social envolve escuta qualificada, construção de vínculos, defesa de direitos e promoção da equidade. Entre os principais programas e benefícios acessados com apoio do Serviço Social, destacam-se:
• Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS): assegura um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência sem meios de prover a própria subsistência.
• Auxílio-doença e Aposentadoria por Invalidez (INSS): destinados a pacientes com incapacidade para o trabalho.
• Passe Livre interestadual: permite deslocamento gratuito entre estados para tratamento de saúde.
• Transporte municipal gratuito ou com desconto: mediante laudo médico, disponível em muitos municípios.
• Prioridade no acesso a medicamentos de alto custo: por via administrativa ou judicial.
• Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD): apoio com transporte, hospedagem e alimentação para tratamento em outros municípios.
Recomendação do GBEFC e compromisso com o cuidado integral no SUS
O GBEFC reforça, em conjunto com as autoras do estudo, que a consolidação de uma linha de cuidado verdadeiramente integral e equitativa na fibrose cística requer a atuação efetiva e valorizada do Serviço Social.
A presença qualificada desse profissional amplia a abordagem interdisciplinar e concretiza o princípio da integralidade do SUS. Para avançar nesse sentido, é urgente:
• Ampliar e qualificar as equipes multiprofissionais nos centros de referência;
• Fortalecer as redes de proteção social e a articulação intersetorial;
• Reduzir as desigualdades regionais no acesso ao diagnóstico e tratamento;
• Valorizar o papel estratégico do Serviço Social como elo entre cuidado clínico e garantia de direitos.
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